Moção de repúdio do Conselho do Departamento de Antropologia da USP ao autoritarismo da atual gestão reitoral e à violência policial autorizada pelo reitor

O Conselho do Departamento de Antropologia, reunido na manhã do dia 10 de março de 2017, vem a público posicionar-se contrariamente a toda conduta antidemocrática e expressar seu repúdio a toda e qualquer forma de violência nos espaços da Universidade, em especial às bombas de gás lacrimogênio, cacetadas, sprays de pimenta, socos, pontapés e algemas usados, no último dia 07, pela tropa de choque da Polícia Militar, contra discentes, funcionários(as), docentes, crianças da Creche Oeste, deputados(as), membros do Conselho Universitário e demais pessoas que se encontravam, no entorno das grades da reitoria, realizando uma manifestação pacífica.

Entendemos que, por mais que a vida acadêmica envolva momentos de crise e tensões, a presença e principalmente a ação violenta da tropa de choque da Polícia Militar são sempre impróprias, pois, ao invés de contribuírem para entendimentos, agravam rancores e aprofundam a ruptura de relações já fragilizadas. E as tensões, no caso, decorriam, uma vez mais, do fato de a reitoria ter surpreendido a comunidade uspiana, em pleno início do ano letivo, com uma polêmica e impactante proposta de Sustentabilidade Econômico-financeira  incluída, de última hora, na pauta da reunião do Conselho Universitário. Não houve tempo, minimamente adequado, para que a centena de conselheiros e especialmente os(as) milhares de discentes, funcionários(as) e docentes, por eles representados, analisassem devidamente o conteúdo dessa proposta, como se espera que aconteça em espaços democráticos de tomada de decisão.

Por mais grave que seja uma crise enfrentada em uma universidade pública, compete a seus dirigentes conduzir as possíveis soluções de modo republicano e ético. Essa é a postura que todos(as) os(as) que ocupam cargos de direção são obrigados a ter em razão dos compromissos assumidos diante da comunidade que neles depositou confiança e a eles deu apoio.

O Conselho do Departamento de Antropologia, indignado com os acontecimentos, segue alerta em seu papel de órgão representativo de discentes, docentes e funcionários de uma das áreas das Ciências Sociais particularmente sensíveis ao respeito pela diversidade de opiniões e por formas pacíficas e dialógicas de resolução de conflitos.